12 de outubro de 2010

Poderia cantar e me mexer loucamente e ainda assim estaria orientada mesmo que no meio da Praça XV, da Quinta Avenida, em frente ao Museu do Louvre. Poderia começar com just let me hear another rock and roll music fazendo passos leves e passos bruscos enquanto aterrorizados os locais olhariam sem entender. De olhos fechados, por quase 10 minutos ou quanto durasse a alegria, eu poderia dançar e cantar e desligar-me do mundo porque em mim encontro não só o que existo mas o que existe de mim em outro.
Poderia sair correndo em disparado quando em meio a uma segunda-feira tediosa às 12h em ponto começasse a chover pesado em algum centro urbano desses intransitáveis. Os passantes quase putos mas protegidos com seus guarda-chuvas e eu descontrolada correndo apenas para ter a sensação de que chove mais e de que mereço. Porque, em algum lugar, existe quem sente.
Poderia sair do trabalho às 21h como em todos os dias e como em nenhum outro dia tirar a blusa e andar sem sutiãs pelas ruas. Estou nua mesmo. Estou nua porque compreendo, estou livre sem máscara sem dor sem mágoa sem ódio sem glorificações excessivas e adorações infundadas. Sairia do trabalho, pegaria o ônibus e a cada sacolejar de banco e de dor nos seios, saberia que consegui e que meu existir em outro se propaga e permanece.
Poderia todos os escândalos
Poderia todos os silêncios
Poderia todas as provas
Poderia todos os furos e vergonhas
Porque sei que, em algum lugar, existe quem sente.

Um comentário: