25 de abril de 2011

o mundo é lindo.

façamos, pois, uma festa
das coloridas e brilhantes
como as arestas do copo e do corpo
como os afagos dos últimos amantes

façamos, pois, uma bela entrada
de tapete vermelho, grandes enfeites
e taças de vinho tinto
como as oferecidas aos reis, aos papas

Andei doente por tempos
Louca, a ausência pairava
como pairam as gaivotas
por cima de minha cabeça

Sabia-me só no mundo desde criança
Mas não tão só como quando se está só
depois de ter estado junto,
 
estado em transe pleno conjunto.

hoje amanheço sã
hoje amanheço sem sombras
hoje simplesmente não irei anoitecer
 
(sei que meus olhos ficarão presos, assim como o resto)

Façamos, pois, uma grande e eloquente homenagem
que, no dado hipotético momento,
 
seja encrostada de murmúrios
envolvida de suspiros ansiosos, insaciáveis
e oferecido a um só par de ouvido.

Vamos curtir, então, a hora da entrega
como se curte a carne em sal grosso
E enquanto mudam os ponteiros,
possamos nos olvidar dos instantes,
 
intragáveis fugidios.

Que se faça rosa a sua volta
Que se faça céu o seu retorno
Preparo tua cama, lavo teus lençóis
e penso: Ah, como é boa a Vida!,

Que se tu soubesses como me sinto
ansiosa pela noite nessa manhã de neblina 
terias também esse tipo de loucura:
achar que é lindo o mundo