30 de novembro de 2010

cem rumos

as pessoas do mal vêm
as pessoas do bem vão
o fluxo das cidades não para
as pessoas do mal vão
as pessoas do bem não param
o fluxo da cidade vem
o fluxo da cidade vai
as pessoas do mal não param
as pessoas do bem vão
as pessoas são as mesmas, vão e vêm
o fluxo das cidades não tem rumo
sem rumos
cem rumos de senhoras
rumores de antigas vizinhanças
nada mais resta a não ser o sanguinário vício
o pai doente indo embora
o padeiro que engordou desde a última
a amiga do cunhado que sempre tivemos um certo tipo de
vontade
as pessoas falam demais, tricoteiras e mesquinhas
outras falam de menos, as mais observadoras
e calmas, nem boas nem más, boas e más
é preciso calma para manter-se em silêncio
não me mantenho
vou
o fluxo da cidade também vai
o fluxo da cidade não para
as pessoas param em instantes, descansam
o fluxo da cidade vai
o fluxo da cidade vem
o fluxo da cidade não para