25 de maio de 2009

Você tem noção da melhor sensação do mundo? Quando o orgulho ultrapassa o controle, o coração infla e os movimentos são menos mecânicos? Quando você percebe que passou, que agora está imune. Então eu estava lá toda segura de mim, toda superada, agora sim, estou com outros, estou bem, estou melhor, esses pensamentos, toda confiança, posso dizer. Mesmo que um pouco insegura por dentro, o meu corpo fazia entender que eu estava bem. Assim: simples. Simplesmente bem, com os meus projetos e meus sonhos que ela tanto sabia. E eu levanto daquela mesa que era uma das nossas mesas, que são ocupadas por outros e outros que eu nem conheço, e eu sento ali ultimamente com desconhecidos, e agora também, já que você me desconheceu. Aí dessa mesma mesa que eu tanto gostava, eu levanto. Vou embora, digo, resolver algumas coisas, encontrar algumas pessoas. Mesmo que eu não tenha nada mais a fazer, eu não posso ficar aqui. Vou fazer qualquer coisa que não seja ficar olhando pra essa sua carinha que me dá nojo. Eu que tinha olhos iluminados que só olhavam você, com aquele sorriso de orgulho estampado, agora eu sei, sua Louca. Louca, louca. eu tenho pena de você. Eu sei que você vai acabar sentada na sua casa vazia com umas três ou quatro garrafas de vodka vazias e os cinzeiros cheios e os pacotes de cigarros também vazios e você vazia e a vida vazia e o tédio, o desespero e a solidão eterna, como você sonhou. Eu sei dos seus medos agora, vejo-os todos com aquela pitada de pena. Por um ou dois segundos eu penso que eu poderia salvar você, mostrar o meu mundo cheio de cores, mostrar a você algumas flores, umas exórias, flores bobinhas, avencas, bromélias, margaridas. E no terceiro segundo, a balançada da cabeça pra expulsar essas idéias nostálgicas de dentro de mim. Sua louca, agora eu entendo tudo por detrás dos seus olhos doentes.

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